segunda-feira, 24 de maio de 2010


Incapacidade

Na insignificância do meu ser, exalto os vestígios seculares em que baseio minha modesta existência...
Procuro os embalos dos sonhos, encarando os meus demônios entre as farpas do esquecimento...
Busco a superação da angústia nos braços da esperança, lutando contra a ensurdecedora certeza da loucura...
Minha mente esvoaça à distância na incapacidade cruel em que as limitações da força me propiciam uma resignação da alma...
Em um esforço supremo para enfrentar  os perigos e golpear o pranto...
Pranto repentino que arruína a máscara de indiferença e pune o orgulho bárbaro e incapaz...
Reminiscências ficam dessas decisões dolorosas e valorosas em um universo onde o sofrimento aplaude a dor e exalta a escuridão!


Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.
 
Martha Medeiros


Chico Xavier é uma adaptação para o cinema que  descreve a  trajetória do  médium Chico Xavier, que viveu 92 anos desta vida terrena desenvolvendo importante atividade mediúnica e filantrópica. Vida conturbada, com lutas e amor. Seus mais de 400 livros psicografados, consolaram os vivos, pregaram a paz e estimularam caridade. Fenômeno? Fraude? Os Espíritos existem? Para os admiradores mais fervorosos, foi um santo. Para os descrentes, no mínimo, um personagem intrigante.” Para mim...um exemplo!

Roteiro de Bernstein, baseado na obra de Marcel Souto Maior “As Vidas de Chico Xavier

Dante relata sua viagem pelos três reinos do outro mundo: o Inferno, o vale doloroso onde termina o ser humano a partir do momento que ele se recusa a seguir a "verdadeira via", a da razão e da virtude. O Purgatório, montanha alta e escarpada, que se eleva do grande oceano do hemisfério inferior e o Paraíso, onde a beatitude é descrita e representada. A Divina Comédia é antes de mais nada, um testemunho de uma época no qual o homem deveria viver em conformidade e harmonia com a vontade divina.
Ópera La Traviata


O amor dramático da dama Violetta Valéry e do aristocrata Alfredo Germont traz a ópera do italiano Giuseppe Verdi em BH. Com La Traviata ou A transviada, a Fundação Clóvis Salgado abre a Temporada de Óperas 2010 no Grande Teatro do Palácio das Artes. Para dar vida à história do século XIX, entram em cena a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais o Coral Lírico de Minas Gerais e solistas convidados.
Os ingressos variam de R$10 A R$50 e a R$5 está sendo vendido o encarte da obra, que tem à frente o maestro paulista Roberto Tibiriçá. Ouça aqui alguns trechos da apresentação.

O quê: Ópera La Traviata
Onde
: Belo Horizonte – Palácio das Artes
Quando
: 18, 22, 23, 25, 26 e 27 de maio – confira os horários no site.

La Traviata

domingo, 23 de maio de 2010


Realidade

A existência da angústia
sufoca a alegria do viver
e pune o coração

Avança na intimidade da dor
e produz a ira gigantesca
que corrói a alma

O peso da incerteza 
e o clamor do remorso se reúnem
em  acordes imperfeitos e conduzem à queda

O erguer é árduo, dorido, mas inevitável
O Ser continua a vencer
tomba, verga, cai

Na escuridão inspira a esperança
e o esquecimento
alcança a borda e se ergue para a luta
combate, abate, recua
vence, desmorona e volta a lutar.

terça-feira, 18 de maio de 2010

 Filme Candelabro Italiano


Súplica

Aos gritos choro
os desvarios da iniquidade
o dilacerar da alma...

 No escrutínio do Ser
a deformidade da moral
na entrega vital...

Da escuridão do tempo
na urgência do verbo
à fúria da dor!

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Eu ...


Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...


Sombra de névoa tênue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...


Sou aquela que passa e ninguém vê...

Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...


Sou talvez a visão que Alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontr
ou!

                              Florbela Espanca
Um evento cataclísmico atingiu a terra, devastando-a por completo. Milhões de pessoas foram erradicadas por incêndios, inundações, a energia elétrica se acabou e outras morreram de fome e desespero. Um pai e seu filho resolvem partir em uma longa viagem pela América destruída, em direção ao oceano, em uma épica jornada de sobrevivência nesse mundo.
 

Você existe

 No âmago da minha alma
na palidez da minha face
na verdade do meu ser
entre um riso e uma saudade
entre um ato e um hiato
entre a força e a coragem

Você existe

Em quantos anos restarem
em quantas trevas existirem
em quantas dores tramarem

Você existe

No florescer do dia
no acalmar de um desespero
no acalentar de uma tristeza

Existe, vive, convive
Crê, importa, existe
Vem, contém e continua existindo!



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Superação

Ela é a devoção incomensurável do ser em uma existência no sofrer!

Criatura sublimada do belo ao se posicionar como guardiã... buscando acertos sem garantias nas sombrias noites, vigilante, com um propósito latente e árduas lutas... Sofrimento abrandado pela musicalidade onde se torna o refúgio necessário... Uma resignada capacidade em suportar as dores do porvir, onde o milagre se revela em cada sorriso, em cada superação... a eterna solicitude e elevação! Onde busco o oásis das minhas agitadas emanações... onde o meu amor se estabelece e traduz em um lampejo de lucidez, a enorme dedicação e abnegação desta Diva, que acorrentada pelos laços do amor, se fortalece com as agruras da vida, em uma fé inabalável na grandeza superior, onde a fonte inesgotável de doçura e harmonia se reflete em seu peito, em seu sorriso, em sua alma...!

(À minha amada mãe, meu exemplo e força)

Incógnitas

Singelezas reclusas, sob o verniz inóspito
acautelado pelas emoções disformes...
Nos teus braços procuro, entrego, encontro...
Ouço, digo, peço, proclamo
inquietude e languidez efêmeros
nauseantes de saudade e convicções vacilantes...
Desbravo, encontro, protejo...
Aceito, cuido e desisto
Dou a felicidade almejada na entrega do acaso
e na certeza do nunca...
Quero e não posso
Ouço e não digo
Me calo enternecida na incógnita separação
de uma realidade impossível...
Sedução irreparável e pacificadora
em infinita confiança e placidez!!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Foto: Ana Maria Soares

Em teus braços me acolheu... me adotou matreira...
Guardiã da minha infância e dos meus segredos...
Largo, calmo, calado, sorrateiro...
Herança de contos, enlevos, peraltices...
Refúgio das sombras e dos sonhos...
Minha quietude e lucidez!!


Um golpe à meia noite
Sou Meredith Gentry, P.I. e uma feliz Princesa, herdeira do trono de Fairie.
Agora há aqueles que sussurram entre mim... sou mais que...
  eles têm medo de mim, mesmo me protegendo. Quem é que pode culpá-los?
Despertei uma magia deslumbrante que estava adormecida neles por milhares de anos. Uma coisa mais, eu não consigo descobrir o porquê...

                          Abdicação


Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho.
Eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa — eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços 
 
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.


Fernando Pessoa


A minha realidade é cautelosa, sinistra, arbitrária...
radical e egoísta...
Enquanto a minha abstração é livre... livre para ousar,
errar, reagir, voar...
Necessito da minha realidade...
Mas não sobrevivo sem minha abstrata liberdade!
Os olhos das mulheres índias olham, semelhantes a pequenos golfos negros, luzindo calmamente a meio do rosto de bronze. Nunca eles se dilaceram para abrir as portas da alma. A alma é agora inútil, e os olhos já dela não precisam para se exprimirem!
 
J. M. G. Le Clézio (Índio Branco)

domingo, 2 de maio de 2010

Fotografia de Leonardo Ribeiro

Viver no  limite não é para qualquer um
Estar no limite não significa arriscar-se fisicamente
Eu vivo no limite
O perigo são meus pensamentos
Minha mente me consome
No limite, toda a dor é dura
Toda dor é fria, lancinante e sem tréguas
Viver assim é ser um eterno sobrevivente
Abro mão do colorido da alegria
Se com isso puder sair do breu absoluto
Satisfaça-me-ia com o preto e branco
Se isso aliviasse a dor
No limite, ninguém compartilha a dor
No limite, somos nós na escuridão

Rita Mezêncio